Ipatinga, 04 de junho de 2025

Semana de Oração pela Unidade Cristã – SOUC

02 de junho de 2025   .   

A busca da unidade ao longo de todo o ano

Promovida mundialmente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) acontece em períodos diferentes nos dois hemisférios.

No hemisfério Norte, o período tradicional para a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é de 18 a 25 de janeiro. Essas datas foram propostas em 1908, por Paul Watson, pois cobriam o tempo entre as festas de São Pedro e São Paulo, e tinham, portanto, um significado simbólico.


No hemisfério Sul, por sua vez, as Igrejas geralmente celebram a Semana de Oração no período de Pentecostes (como foi sugerido pelo movimento Fé e Ordem, em 1926), que também é um momento simbólico para a unidade da Igreja. No Brasil, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) lidera e coordena as iniciativas para a celebração da Semana em diversos estados.

Levando em conta essa flexibilidade no que diz respeito à data, estimulamos a todos os cristãos, ao longo do ano, a expressar o grau de comunhão que as Igrejas já atingiram e a orar juntos por uma unidade cada vez mais plena, que é desejo do próprio Cristo (Jo 17:21). Clique aqui e baixe a logomarca da Semana.

Semana de Oração (SOUC), edição 2025

▶ PERÍODO

De 01 a 08 de junho.


▶ TEMA

“Crês nisso?” (cf. Jo 11,26).

▶ E-BOOK DA SOUC 2025

Desde o ano de 2021, os materiais alusivos à SOUC passaram a ser exclusivamente virtuais.

Clique aqui e baixe o Caderno de Celebração (e-book da SOUC 2025).


▶ CARTAZ

A arte que ilustrará todas as comunicações visuais da SOUC deste ano foi criada por Gabriel Zinani, jovem designer gráfico que se destacou pela sensibilidade e profundidade de sua proposta artística.

Clique aqui e leia a explicação do autor para a arte.

▶ INTRODUÇÃO PARA O ANO DE 2025

A motivação bíblica para a Semana de Oração pela Unidade Cristã 2025 (SOUC/2025) nos interroga: “Crês nisso?” (Jo 11,26). A pergunta foi direcionada a Marta, quando Jesus visitou ela e Maria, após o falecimento de Lázaro. Jesus, que era amigo dos três irmãos, não conseguiu estar presente nem no velório e nem no sepultamento de Lázaro. Jesus conseguiu visitar a família quatro dias após o sepultamento. Todas as pessoas compreenderam que esta era uma visita para prestar solidariedade e consolo à família enlutada.
Quando Marta viu Jesus chegando, correu ao seu encontro enquanto Maria permaneceu dentro de casa. Ao ver Jesus, Marta disse: “Senhor, se tu tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido. Mas, mesmo agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus te dará”. (Jo 11, 21-22). Jesus olhou para Marta e respondeu: “o teu irmão ressuscitará”. (Jo 11,23). Marta respondeu: “Eu sei, que ele ressuscitará, por ocasião da ressurreição no último dia” (Jo 11, 24). Diante da afirmação de Marta, Jesus respondeu: “Eu sou a Ressurreição e a Vida: aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês nisso?” (Jo 11, 26)

Ao pinçar esta pequena e quase imperceptível pergunta direcionada por Jesus à Marta, o grupo internacional que elaborou os subsídios da SOUC/2025, nos desafia a colocarmos no centro da Semana de Oração pela Unidade Cristã, a pergunta pelo conteúdo da nossa fé. Quando falamos que temos fé em Jesus Cristo, o que exatamente queremos dizer?

Em qual Jesus acreditamos? Naquele que ressuscitou Lázaro ou em um Jesus que não se compadece da dor e sofrimento das incontáveis vidas precarizadas que estão entre nós. Cremos em um Jesus que chora diante da perda de um amigo querido, ou um Jesus insensível que está atento apenas às pessoas que o bajulam. O Jesus no qual acreditamos é aquele que ama sem distinção ou é um Jesus indiferente e seletivo? O Jesus no qual cremos é aquele que, ao vencer a morte e ressuscitar oferece a esperança de que as estruturas de desigualdade, exclusão e violência não prevalecerão e que todas as pessoas têm o direito à dignidade ou é um Jesus, que legitima a cultura do mérito e reforça a noção de que apenas algumas pessoas são as escolhidas?

A pergunta sobre o que significa confessar a fé em Jesus Cristo, é muito antiga. Ela nos remete para os diálogos entre Jesus e as pessoas que o seguiam, perpassa as comunidades primitivas sobre as quais lemos nas cartas paulinas. A pergunta sobre o conteúdo da nossa fé foi muito importante para as comunidades que se organizaram na Ásia Menor e na África. E, sem dúvidas, é a pergunta que todas batizadas se fazem diariamente: “O que significa crer Naquele que é Filho de Deus, que foi morto, sepultado, ressuscitou no terceiro dia e subiu aos céus?

O Concílio Ecumênico da Nicéia, por que é importante?

A SOUC/2025, ao nos perguntar “Crês nisso?” retomada a pergunta que motivou o primeiro Concílio Ecumênico do qual se tem notícias, realizado no ano de 325 d. C., na cidade de Niceia, atual Iznik, na Turquia. Neste ano de 2025, comemoramos 1.700 anos do Concílio Ecumênico da Nicéia.

O Concílio foi convocado pelo imperador romano de nome Constantino, que não era seguidor de Jesus Cristo. Constantino seguia a religião de Roma antiga que era poleteísta. Podemos nos perguntar, por que um imperador, não cristão, convocou um Concílio que reuniu lideranças cristãs de diferentes regiões da Ásia Menor? Uma das razões era o contexto geopolítico.

O Império Romano estava fragilizado na região, marcada por inúmeros conflitos. As comunidades cristãs aumentaram, mas sem uma visão comum do que significa ser cristão. Existiam muitas lideranças cristãs com diversas compreensões sobre a fé em Jesus Cristo Estas lideranças não se acertavam entre si, o que gerava conflito. Para poder alcançar os objetivos do Império Romano, Constantino precisava reunir todas estas lideranças para produzir um mínimo de consenso e acalmar as tensões. Importante dizer que o ecumênico de 325 d.C. não tinha o mesmo sentido de hoje, que é o diálogo entre igrejas e a busca conjunta pelo bem comum. O “ecumênico” de Nicéia tinha um significado territorial. Ecumênico compreendia todo o território que estivesse sob a jurisdição do império romano.

Ao celebrar os 1700 anos do Concílio Ecumênico de Nicéia, o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e a Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas nos convidam a refletir sobre o conteúdo da nossa fé, bem como, celebrar todas as experiências que contribuíram para que compreendêssemos que, apesar de sermos de igrejas diferentes, nossa fé é comum, pois o centro desta fé é Jesus Cristo.

Participaram do Concílio em torno de 318 bispos. Importante ter em conta, que os bispos eram pessoas simples, camponeses, pastores de rebanhos, artesãos, pescadores. Não eram autoridades eclesiásticas no sentido que nós conhecemos hoje.

É possível destacar dois resultados do Concílio Ecumênico da Nicéia. O primeiro deles foi o consenso sobre quando a Páscoa deveria ser celebrada.

Naquele tempo, as comunidades cristãs celebravam a data em épocas diferentes. Algumas comunidades seguiam o calendário judaico, baseado no calendário lunar. Outras comunidades, buscavam certa independência do calendário judaico e queriam que a Páscoa fosse celebrada em um domingo, dia da ressurreição de Cristo.

A decisão do Concílio foi que a Páscoa deveria ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia, no início da primavera no hemisfério Norte, quando o dia e a noite têm o mesmo tempo de duração. A data da Páscoa seguiria o calendário solar e não mais o lunar. Os bispos conciliares não definiram uma data fixa para a Páscoa. Coube à igreja de Alexandria realizar, a cada ano, os cálculos para comunicar às comunidades cristãs qual era a data da Páscoa de determinado ano. Mais tarde, as igrejas do Ocidente passaram a se orientar pelo calendário gregoriano.

O segundo tema que orientou o Concílio foram as controvérsias em torno da natureza de Jesus. Havia um grupo, que se orientava pelos ensinamentos de Ário de Alexandria, que ensinava que Jesus era o Filho de Deus e que foi criado por Deus, antes da existência do mundo e do tempo, por um ato de livre arbítrio de Deus e do nada. Segundo Ário, o Filho não existiu desde toda a eternidade e, por isso, teria uma natureza não divina, embora tivesse sido uma pessoa mais elevada que as demais pessoas. Ário tinha um grupo significativo de seguidores.

A outra compreensão era defendida por Atanásio de Alexandria e Alexandre de Alexandria. Para os dois e seus seguidores, o Filho (Jesus) era totalmente divino, eterno e da mesma substância que o Pai. Para eles, apenas um Cristo totalmente divino poderia redimir a humanidade do pecado.

Depois de muito debate, o Concílio decidiu que a visão defendida por Ário era uma heresia e formulou o que conhecemos hoje como Credo Niceno que afirma três dimensões importantes para a Tradição cristã

  1. Doutrina da divindade pela de Cristo, ou seja, Cristo é da mesma substância de Deus Pai;
  2. Doutrina da encarnação de Cristo, ou seja, que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente humano;
  3. Declarou as ideias de Ário como heréticas.

Outros impactos do Concílio Ecumênico de Nicéia:

  • A compreensão de que o Filho tem a mesma substância do Pai tornou-se o fundamento para a teologia trinitária ortodoxa.
  • Unidade e autoridade: o concílio estabeleceu um precedente de como resolver as controvérsias doutrinárias.

Claro que, mesmo tendo sido declarado como heresias, as ideias de Ário persistiram por muito tempo e provocaram outros Concílios, como o Concílio de Constantinopla, realizado em 381 d.C. Mais tarde, Ário foi perdoado e acolhido novamente pelas igrejas.

O Credo Niceno tornou-se uma declaração importante para a fé cristã. Em 381, o Concílio de Constantinopla ampliou esta confissão de fé para incorporar a natureza divina do Espírito Santo. Foi quando surgiu o Credo Niceno Constantinopolitano.

Para saber mais sobre o Concílio de Niceia sugerimos os Cafés Teológicos sobre o tema realizados pelo CONIC em 2024 e que estão disponíveis nos seguintes links:

Café Teológico 1

Café Teológico 2

Café Teológico 3

Café Teológico 4

▶ OFERTA DA SEMANA DE ORAÇÃO

A oferta da SOUC simboliza o comprometimento das pessoas com o ecumenismo. É uma forma concreta de mostrar que acreditamos realmente na unidade dos cristãos (João 17:21). Os frutos das ofertas doadas ao longo da Semana são distribuídos, anualmente, da seguinte maneira: 40% para a representação regional do CONIC (onde houver), que é destinado a subsidiar reuniões e atividades ecumênicas locais, e 60% para o CONIC Nacional, para projetos de maior alcance.

Vale lembrar que a oferta faz parte da celebração, logo, reserve um momento da liturgia para realizá-la. É um momento de gratidão pelas coisas boas que recebemos de Deus. Ofertas também poderão ser recolhidas nos encontros temáticos, durante a Semana.

Faça sua oferta ou doação por esse QR Code:

Ou faça um Pix:
conic@conic.org.br

Fonte/Veja mais em https://www.conic.org.br/portal/vivencia-ecumenica/semana-de-oracao-pela-unidade-crista-souc

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