Ipatinga, 29 de janeiro de 2025

Representantes de Comunicação de Conferências Episcopais do mundo todo se encontram com o Papa

27 de janeiro de 2025   .   

No encerramento do Jubileu do Mundo das Comunicações, o Papa recebeu na manhã desta segunda-feira, 27 de janeiro, os presidentes das Comissões Episcopais da Comunicação e assessores de imprensa das Conferências Episcopais que se encontram em Roma para um encontro, durante a semana toda na Universidade Urbaniana, organizado pelo Dicastério para a Comunicação. Eles vão refletir sobre a comunicação eclesial, inteligência artificial, redes sociais, informação e desinformação com conferencistas do mundo inteiro.

Audiência com o Papa

Mais do que indicações, o discurso do Papa foi um convite a um exame de consciência através de vários interrogativos para refletir sobre como a Igreja comunica atualmente.

Francisco então começa: de que modo semeamos esperança em meio a tanto desespero? Como lidamos com o vírus da divisão que ameaça as nossas comunidades? A nossa comunicação é acompanhada pela oração? Ou comunicamos a Igreja adotando somente as regras do marketing empresarial?

E continua: como indicamos uma perspectiva diferente em relação a um futuro que ainda não foi escrito? “Gosto desta expressão: escrever o futuro. Cabe a nós escrever o futuro. Sabemos comunicar que esta esperança não é uma ilusão? A esperança nunca decepciona, mas sabemos comunicar isso? Sabemos comunicar que a vida dos outros pode ser mais bela também através de nós? Eu posso contribuir a dar beleza à vida dos outros? E sabemos comunicar e convencer que é possível perdoar? É muito difícil isso.”

Para o Pontífice, a comunicação cristã é mostrar que o Reino de Deus está próximo: aqui, agora, e é como um milagre que pode ser vivido por cada pessoa, por cada povo. Um milagre que deve ser contado oferecendo chaves de leitura para olhar além do banal, do mal, dos preconceitos, dos estereótipos, de si mesmo.

O desafio é grande, afirma o Papa, encorajando os presentes a reforçarem a sinergia entre si, seja em nível continental, seja universal. Comunicar construindo pontes é uma alternativa às novas torres de Babel. “Pensem nisso. As novas torres de Babel: todos falam e não se entendem.”

Comunicar juntos e em rede

Para responder a todos esses interrogativos, o Pontífice indica duas palavras: “juntos” e “rede”.

Somente juntos é possível comunicar a beleza do encontro com Cristo e semear esperança. “Não se esqueçam disto: semear esperança.” Comunicar, prosseguiu, não é uma tática nem uma técnica, “comunicar é um ato de amor”. Somente um ato de amor gratuito tece redes de bem, redes que devem ser reparadas todos os dias.

Rede, aliás, não é uma palavra ligada à civilização digital. Antes das redes sociais já havia as redes dos pescadores e o convite de Jesus a Pedro a se tornar pescadores de homens.

“Pensemos então o que podemos fazer juntos graças aos novos instrumentos da era digital, graças também à inteligência artificial, se ao invés de transformar a tecnologia em um ídolo, nos comprometêssemos mais a fazer rede. Eu lhes confesso uma coisa: mais do que a inteligência artificial, me preocupa aquela natural, aquela inteligência que nós devemos desenvolver.”

O segredo da força comunicativa da Igreja é fazer rede e ser rede, disse ainda o Papa, ao invés de se entregar às sirenes estéreis da autopromoção. O maior milagre de Jesus não é a rede cheia de peixes, mas não deixar que os pescadores fossem vítimas da desilusão e do desencorajamento. “Por favor, não cair na tristeza interior. Não perder o sentido do humorismo que é sabedoria, sabedoria de todos os dias.”

A comunicação católica é para todos, recordou Francisco. Não é uma “seita para falar entre nós”. É o espaço aberto de um testemunho que sabe ouvir e interceptar os sinais do Reino.

Por fim, mais uma interrogação: nossos escritórios, relações, redes são realmente de uma Igreja em saída?

A Igreja deve sair de si mesma, concluiu o Santo Padre, oferecendo como imagem a narração do Apocalipse, em que o Senhor bate à porta para entrar. “Mas agora, muitas vezes o Senhor bate a partir de dentro porque nós, cristãos, o deixemos sair. E nós muitas vezes o prendemos somente para nós. Devemos deixar sair o Senhor, bate à porta para sair, e não ‘escravizá-lo’ para o nosso trabalho”.

Participação da CNBB

Estava presente no encontro presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da CNBB, dom Valdir José de Castro, bispo de Campo Limpo (SP), que comenta este Jubileu da comunicação.

O assessor de comunicação da CNBB, padre Arnaldo Rodrigues, destacou o humor a alegria do Santo Padre e o convite feito aos comunicadores das conferências e pensar uma comunicação com a alegria. “O Papa reforçou bastante a importância de pensar em um futuro não muito distante, mas pensar o futuro e com ações a partir de agora”, disse.

Padre Arnaldo contou que o Papa, após agradecer aos comunicadores eclesiais de todo mundo, reforçou o seu papel dos comunicadores é de não apenas assistir  mas de criar uma comunicação em vista de criar um futuro melhor. “O encontro hoje foi de muita alegria, muita oração. Um encontro no qual as pessoas se emocionaram muito porque se encontraram pela primeira vez ao Papa”, disse.

Por Willian Bonfim com informações do VaticanNews
CNBB
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