Ipatinga, 04 de novembro de 2024

CNBB divulga mensagem aos Cristãos Católicos do Brasil

19 de abril de 2024   .   

Em uma iniciativa inédita, os prelados brasileiros reunidos na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou uma mensagem aos “Cristãos Católicos” do país.

O texto na íntegra foi divulgado nesta sexta-feira, 19 de abril, e destaca a presença dos católicos na Igreja no Brasil, trazendo uma palavra de encorajamento sobre algumas questões, tendo como pano de fundo a sinodalidade: o diálogo, o respeito pelos outros, saber divergir sem brigar, insistindo em que “nossa fé não deve dividir, mas deve ser um elemento que ajuda a criar comunidade”.

A mensagem ressalta a necessária comunhão com o Papa e com os bispos e faz um convite a não desanimar diante das dificuldades presentes e à participação ativa na vida das comunidades e da sociedade. Finalmente, um chamado à preparação ao Jubileu 2025. De acordo com dom Odilo, trata-se de uma carta que pretende “encorajar, orientar, apoiar, respaldar a nosso povo católico”.

Confira:

Aparecida – SP, 18 de abril de 2024

MENSAGEM AOS CRISTÃOS CATÓLICOS DO BRASIL

Caríssimos padres, diáconos, consagrados e consagradas,
irmãos e irmãs das comunidades católicas,
unidos conosco na fé em Cristo ressuscitado

Nós, bispos católicos do Brasil, reunidos em Aparecida -SP, no Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, na 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lembramo-nos constantemente de vocês, membros das nossas comunidades católicas, presentes nas dioceses e prelazias de todo o nosso país. Queremos, pois, dirigir-lhes estas palavras com o coração de pastores.

Agradecemos a Deus a fé sincera em Nosso Jesus Cristo, Redentor do mundo, que cada um de vocês preserva e pratica com fervor, em comunhão com seus bispos, a Conferência Episcopal e o Papa Francisco, que confirma na fé a todos nós.

Louvamos a Deus pela caridade que vocês vivem, por amor a Jesus e aos irmãos, em tantas situações de dor e sofrimento, no cuidado dos enfermos, dos idosos e dos mais necessitados. Agradecemos a Deus pelas inúmeras ações de fraternidade e partilha e pelo cuidado para com a vida e a família.

Alegra-nos saber que vocês são animados pela esperança cristã “que não decepciona” (Rm 5,5) e não nos deixa abater diante das dificuldades. Esta esperança se baseia na firme certeza de que Jesus ressuscitado está sempre conosco e nos dá, sem reservas, o Espírito Santo para a perseverança no bem.

Conforta-nos a vitalidade das comunidades que se reúnem em torno da Palavra de Deus, da Eucaristia e dos demais sacramentos. A celebração litúrgica nos edifica como comunidades de fé e oração, alicerçadas em Cristo.

Vemos com alegria que nossa Igreja possui por toda parte grupos com intensa vida de oração, os quais dão expressão concreta à sua fé e impulsionando-os à prática da caridade. A Palavra de Deus é lida, rezada e praticada de forma especial nos grupos bíblicos, na catequese e mediante a leitura orante da Palavra de Deus.

Temos motivos para nos alegrar com a multidão de fiéis, que participam de nossas comunidades. Mesmo assim, não podemos acomodar-nos com a ilusão da igreja cheia. Há uma grande parte de nosso povo a ser evangelizada, que ainda não se encontrou verdadeiramente com Cristo e, mesmo sem saber por onde ir, anseia por esse encontro que transformará sua vida. Encorajamos as pastorais, movimentos e serviços diversos a se tornarem cada vez mais missionários, indo a todos para oferecer a alegria do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo.

Constatamos com júbilo a riqueza de carismas, dons e serviços existentes na nossa Igreja (cf. 1Cor 12,1-31), mostrando que a ação do Espírito Santo impulsiona, também hoje, no coração do Povo de Deus, o avanço em novas frentes de compromisso eclesial, com renovado ardor e novos métodos, para realizar a grande missão da evangelização.

Edifica-nos a santidade vivida por tantos irmãos e irmãs, com testemunhos heroicos de fé e caridade. “O Brasil precisa de muitos santos e santas!” (São João Paulo II). Quando surgiu a perseguição, os primeiros cristãos transformaram-na em oportunidade para a ampliação dos horizontes missionários. Agora, diante dos sofrimentos, injustiças, incompreensões e martírios dos nossos dias, queremos encorajar todos vocês a se manterem unidos na fé, esperança e caridade.

Os valores de nossa fé católica são preciosos e estão acima de questões partidárias e ideológicas, que não devem nos dividir. Saibamos respeitar quem pensa diversamente; devemos ouvir, dialogar, sem perder nossos valores, mas abrindo o coração para acolher quem tem outras convicções. Recomendamos a todos a abertura ecumênica e a disposição para o diálogo inter-religioso. Vivendo num mundo plural, desejamos dar nossa contribuição para que a sociedade se encha de genuína alegria, como aconteceu no início da pregação do Evangelho (cf. At 8,8).

A Igreja Católica no Brasil vive a comunhão com o sucessor de Pedro, nosso Papa Francisco, repercutindo de forma positiva e corajosa seus ensinamentos e decisões. Pedimos que todos se mantenham unidos em suas comunidades católicas, em comunhão com o seu bispo, caminhando juntos na vida e na ação eclesial.

Procuremos participar da vida da Igreja com os dons que cada um recebeu de Deus. É uma grande graça participar dos bens da fé, do amor de Deus, dos sacramentos, da Palavra de Deus e da esperança, que nos orientam para a realização plena do Reino de Deus. A realização da vida e da missão da Igreja conta com a participação de todos os seus membros. Encorajamos a todos a se sentirem parte da Igreja e a viverem a missão confiada por Jesus Cristo a todos os batizados. Para tanto, faz-se necessário implantar e fazer crescer um renovado processo de Iniciação à Vida Cristã, assim como um cuidado e empenho no discernimento e pastoral das vocações, em sua edificante diversidade. Valorizemos de forma especial a participação dos jovens em nossas comunidades. Por outro lado, encorajamos a participação dos leigos e leigas nas responsabilidades da vida social e da vida pública, em todas as suas dimensões.

Não desanimemos diante das dificuldades e das cruzes da vida. Pensemos nos muitos irmãos do passado e do presente, que sofreram e que sofrem perseguições de todo tipo e até o martírio. Que o exemplo deles dê coragem a todos nós. Socorramos os irmãos que mais sofrem e não fiquemos insensíveis às angústias dos pobres.

E vocês, queridos irmãos e irmãs, membros da Igreja pela graça do Batismo, que por vários motivos têm vivido distantes, sintam-se convidados a se aproximarem de suas comunidades, nas ações litúrgicas, pastorais e missionárias. A Igreja está de braços abertos para acolher a todos, na certeza de que sua vida é preciosa para Deus, e disposta a lhes apresentar o caminho da alegria, da felicidade e da salvação, revelado pelo Filho de Deus. Em nossas comunidades, vocês encontrarão o sentido de sua existência e a inspiração para serem discípulos missionários de Jesus Cristo Salvador.

Agradecemos a todos as orações que fazem por nós. Também rezamos por vocês todos os dias, durante esta Assembleia da CNBB. Enfim, chamados a sermos todos Peregrinos da Esperança, vivamos este Ano da Oração, em preparação ao Jubileu de 2025.

Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, dos Santos e Santas Padroeiros de nossas comunidades, especialmente dos que edificaram a Igreja em nossa Terra de Santa Cruz, com seu serviço ao Evangelho e testemunho de caridade, invocamos sobre todos as bênçãos de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo.

Dom Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre – RS
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo da Arquidiocese de Goiânia – GO
1º Vice-Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega
Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife – PE
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB

Acesse a Mensagem aos cristãos católicos do Brasil 

Texto e imagem: CNBB

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